Democracia, por quê? Muitos podem
opinar e dizer que é o melhor sistema de governo. Ótimo, também assim entendo. Mas
o que faz a democracia ser melhor que uma monarquia ou aristocracia?
Costumo dizer que a mudança é um
bom ponto de partida para iniciarmos nossa reflexão. Mudar é necessário,
especialmente no momento certo. A necessidade de mudança é inerente a qualquer
sociedade, posto que, há sempre em um determinado momento vícios e
insatisfações a serem corrigidos por meio da mudança.
Salienta-se que a mudança,
segunda a história, pode se materializar de várias formas e modos. E é por
essas e outras razões que a democracia é considerada o melhor sistema; a democracia é a conquista mais admirável da
humanidade. Isso por que é através dela que há possibilidade de essa mudança ocorrer de forma
pacífica.
A democracia é isso: é a forma
pacífica de tirar quem exerce o poder. Por isso que vivemos o esplendido
momento democrático quando presenciamos a perda de quem exerceu o poder por
anos a fio, sem que haja maiores perturbações sociais.
A sanção máxima contra qualquer
governo é tirá-lo do poder, e a grande vantagem da democracia é permitir que
isso ocorra de forma pacífica.
Pode ser idealizada, deturpada,
maltratada, mal aplicada, parodiada e ridicularizada; sem dúvida, já foi
cortejada por amantes infiéis, acolhida por falsos amigos e traída por aliados
inescrupulosos, mas a democracia enquanto modo de vida e sistema de governo é a
via pela qual os seres humanos modernos podem satisfazer sua necessidade de
construir vidas dotadas de significado.
No entanto, a democracia não deve
ser apenas política, e sim política e social. Não somente deve defender o
direito ao voto, a liberdade, à vida, mas também a saúde, à educação, ao
trabalho.
Nesse sentido que os partidários
de esquerda defendem que a igualdade política e a igualdade econômica seriam os
termos finais da democracia. Assim como defendem que a soberania e o poder sejam
distribuídos por toda a nação. Nenhum indivíduo deve ter poder econômico superior
ao outro, esse é o ideal de esquerda.
Ledo engano!
A democracia política não poderia
pretender da a todos o uso, o exercício do poder, isso porque é da essência de
toda organização que uns exerçam o poder e outros se subordinem, sob pena de
fracasso.
A divisão de trabalho e a
diferenciação das funções é uma lei natural, que preside a vida e o progresso
das sociedades humanas.
A democracia não é algo que se
pode conceituar. Dessa forma, ficamos distantes da tradição ocidental, que
desde a época de Platão, busca dá conceitos as coisas do mundo. Era comum se
buscar conceito para construção de idéias, como justiça, verdade e virtude.
Apesar dos esforços de filósofos e
cientista políticos, a democracia despreza teorias, ela simplesmente arregaça
as mangas e enfrenta a tarefa diante de si. Dessa forma, permanece em contínua
adaptação.
Não existe diagrama da
democracia.
Tal natureza evasiva e adaptativa pode ser motivo de celebração, mas deixa em aberto a questão de como escrever
uma história da democracia.
Receio existe quando os políticos fazem das
necessidades prementes de um povo um verdadeiro instrumento para o exercício da
demagogia, que é a forma mais próxima da democracia, quando viciada, se
transformar. Daí descamba facilmente para a tirania.
Em fim, a democracia está sempre
em estado de sítio, porém ela é a nossa defesa, não apenas contra um Estado
opressor, mas contra o poder enraizado do privilégio e das riquezas individual
e corporativa.
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